Desterro


Desterro
É sábado. Não há muito lugares para ir, apenas alguns antros estão abertos. A guerra civil devastou a cidade de varias formas; dentre as baixas foram identificados vários ideais.

Ainda se vê na fachada dos prédios cicatrizes da violenta contenda. O conflito nos deixou um legado perverso; as ruas estão inundadas de jovens desempregados; o número de famílias que imigram subiu consideravelmente.

Os melhores empregos são ocupados por estrangeiros; estamos deslocados em nossa própria Pátria. Há uma grande insatisfação e escuta-se muito em pequenos grupos que se escondem nas sobras dos becos, gritos de liberdade que não alcançam as ruas; pois um silêncio marcial foi estabelecido.

Todos que desafiam o regime são torturados e tem que se exilar. Os velhos coronéis ostentam sua riqueza conquistada com anos de ditadura e corrupção. Na outra margem, o povo, cada vez mais miserável, parece ter exaurido todas as suas forças e esperanças.
Alguns seguimentos da sociedade parecem continuar alienados, seguem dispostos a arriscar suas vidas no fronte, em prol de lauréis prometidos pelos donos do poder.

Nossos heróis defendem agora outras bandeiras, neste momento já não há razões para acreditar na vitória. A maioria dos que lutavam partiram, pérfidos amigos, rosas de espinhos venenosos te feriram e irás também; deixarás tudo que sempre amou e odiou; este já não será teu berço e viverás para sempre num desterro.

Erich Gerhardt

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