A Segunda Criança



A Segunda Criança

Me empresta teu sorriso
tuas pernas incansáveis,
desejo ser criança
ser livre outra vez.

Desperta, minha Maria
e lava os olhos,
o litro está cheio,
vai brincar no quintal
faz pra mim um açude
do tamanho do mar.

Deixa, Maria,
teus pés de anjo
sentir os terreiros
dos véi teu avô
e pula na poça
molha o cabelo
mas antes, menina
cerra os pau do pulêro.

Depois entra, Maria
entra ligeiro
que a terra tá quente
que a noite vem vindo
descendo a ladeira.

Puxa, Maria
minha pequena esperança
me deixa ser criança
outra vez em você
rumbora, sertana
não me deixa crescer!

ONO

Memórias

Campo Largo

Na primeira quinzena de setembro dos anos oitenta do já sepultado século XX, ocorria a tão esperada boca-das-águas. O vento soprava do norte, redemoinho soprava de todos os lados, Ioiô silenciosamente pegava a sua bicicleta, enxada e se mandava para a lapa do mundo, com fé e esperança na quadra tão sonhada.
A partir desse momento as amarguras, que tinham morada na mobília de seu coração, pediam licença pra se retirar temporariamente, pois logo todos os sentidos do meu velho e companheiro avô seriam visitados com louvores dos cabeças-de-lenços, do canto fino de Zé Pretinho e com a visita de vários casais de preás. Seus olhos ficavam maravilhados com os bandos de ariris riscando os ares de um cenário que até pouco era opaco, tristonho e vazio de sentido.
        O que tem para ensinar um velho amargo que ficou órfão do riso ao perder o seu maior tesouro para o flagelo da seca? Todos os seus filhos o abandonaram, para ir à busca dum tal “futuro melhor”. A fortuna não lhe deixou ao relento de afetividade por completo, presenteou esse velho com um neto de “criação” pra ouvir seus ensinamentos e ouvir estórias com fundamento moral, estórias de cobras voadoras e encantadas, vermes de longos metros, filhos mais velhos que os pais, lajedos que serviam para se alimentar (lambendo é claro).
Todas essas estórias eram narradas com o intuito de me ensinar a ser um homem de boa vontade, ser um bom companheiro, nunca trair os amigos, e ser sempre grato aos céus por ter o que comer, “pois é melhor ter o que lamber, do que ficar sem comer” – dizia ele. Sempre que lastimava as minhas míseras condições, ele logo me lembrava de que “tinha pessoas que era tão desvalida, que não tinha nem o que se lastimar”.
    Se meu avô ficava alegre a ponto até de ensaiar alguns sorrisos com a visita da chuva, eu cá do meu lado, com alma de poeta, olhar atento de um bom aprendiz de filósofo, ficava deslumbrado com tanta beleza. As lagoas cheias no meu imaginário se tornavam vários mares, nesse vasto sertão de Deus. Via beleza nas flores amarelas dos imbuzeiros, na forma mágica como a caatinga se desabrochava com tamanha rapidez, com as chegadas de uma diversidade de pássaros, canto de sapo, tudo era festa, esperança e ilusão. Como a vida é engraçada, era um tremendo poeta, um excelente filósofo e não sabia. Oh tempo lindo aquele dos meus dez anos, que “mexe e vira , vira e mexe”, volta nas minhas lembranças. Saudades da minha infância? Ou o início das horas mortas do sonhar? Ou que quem sabe uma tentativa de renascer o poeta lá das quadras dos dez anos? Quem sabe! Eu cá não sei, só sei que tão pouco sei, mas sei que daria tudo que sei hoje por uns punhadinhos de momentos daquela infância querida lá no Campo Largo.

Prof. Gilson Rodrigues
Filósofo?Sociólogo

Vozes Endêmicas



"A língua é uma das muitas formas de afirmação cultural de um povo. Esta demonstra sua identidade, suas influências e a face eterna de sua gente." 

Rutilismo


Cotas para Ruivos?
Por: Erich A. Gerhardt

Indago, pois, onde estariam os benfeitores de plantão, aqueles que sempre estão dispostos a lutar pelas “minorias” oprimidas. Senhores engajados em fazer significativas melhorias  sociais, e tornar o país igualitário, por que não defendem a causa do rutilismo?
Estes que estão tão dispostos a pico-tear as vagas de universidades publicas, preenchimento de cargos e empresas em cotas raciais, no intuito de tentar “reparar” erros históricos, por que não destinam estas mesmas vagas (também) a uma das minorias mais discriminadas ao longo da historia?
Eles que foram queimados e enterrados  vivos no Egito antigo, pois eram tidos como símbolos de azar; foram perseguidos pelos germânicos, onde se acreditava que eram bruxos. Por que esses não tem direito a cotas?
O motivo parece bem obvio: as cotas raciais no Brasil não tem a ver com erros passados; tem, sim, conexão direta com a mentalidade politiqueira de nossos governantes que fazem todo tipo de artimanha para obter votos.


Referência: http://janeentrelinhas.blogspot.com/2009/03/rutilismo-beleza-ruiva.html

Festa de Reis

Festa de Reis
Adaptação: Erich A. Gerhardt


Esta festa tão tradicional ocorre em vários países latinos, entre eles estão Espanha, Itália e Brasil.
A Folia de Reis ou Festa de Reis, dependendo da localidade, é uma festa tradicionalmente católica, que faz alusão a peregrinação dos três reis magos pelo deserto para a entrega de presentes ao menino Jesus.
Em alguns países europeus essa festa é tratada como um acontecimento mais solene que o próprio Natal, No Brasil desde o século XVIII, esta manifestação tão popular no interior de alguns estados, desenvolveu uma conotação diferenciada de seu propósito original. Em sua origem portuguesa, a folia de reis era realizada para divertir o povo, enquanto que no Brasil tornou-se uma manifestação de fé, de um caráter muito sério.
A festa decorre de 24 de dezembro a 6 de janeiro, quando o grupos saem de casa em casa a cantar seus versos referentes a peregrinação dos reis magos. Os componentes de um “grupo” ou “terno” são: mestres, contra mestres, os três reis magos, palhaços e foliões, que geralmente trajam-se com vestimentas extremamente coloridas.
Os instrumentos utilizados são: tambores, reco-reco, flauta, rebeca, sanfona, violão, triângulo, zabumba, entre outros.


Campo Branco


Cruzadas da Caatinga


Despertem, despertem cavaleiros noturnos
pois jaz o silêncio na alcova da noite
arreiem suas tropas que a estrada se abre;
pelas terras cinzentas estalem os açoites!

Venham comigo recusar o descanso
violar a ternura dos leitos conjugais
tomem seus escudos, pesadas armaduras
cavalos e espadas dos guerreiros medievais.

A poesia tecida na bandeira da vitória
os aboios sejam salmos na voz do vaqueiro
nunca mais os enganos das terras bem distantes
pelo Sangue sejam livres do pesar derradeiro.

E se escute nossa marcha no Alto da Caatinga
nos planos da Vereda a nossa Capital
as cruzadas ribando pras pontas de todo o mundo
no combate terminante do bem sobre o mal.


Oronio N. Oliveira - 11ª Lua de 2009.

Dias de Primavera

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Dias de Primavera


As estações vem e vão
e ainda estamos aqui atados às velhas correntes
velhas promessas, sonhos rompidos
folhas voando, flores caídas
sorrisos forjados
emoções fingidas...

Já não tenho mais forças
para encenações
mentiras doces
ou verdades cruéis.
Não importam mais!

Dor incisiva
beleza enganosa
existência perdida
sonhos brutalmente assassinados...

Espero pelo dia
em que os invasores partirem,
e nossas árvores voltem a crescer;
e novamente em nossos bosques
floresçam as sementes da liberdade,
num acontecimento primaveral.


Erich Gerarhardt

Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDO8uE5VvMFsXaTJElhh3cWGGxOzGa6mLROTiwUcUUVnhviEJd3SoUEAyEW_V0Y_lote3WgKlJ2MQ5N1l4nsdtyW0dQRUgPQM314Wx0QLmRmeYA4p3MAKWvtSEQwRMZJt-0G9NxTrfNU0/s1600/opress%C3%83%C2%A3o.jpg

Os Loucos não Morrem




OS LOUCOS NÃO MORREM

Há muito nossa Pátria perde seus homens livres, derradeiros caminhantes, translocados, alforriados dos estereótipos que engessam a vida dos ditos “normais”. Saber que cada um deles veio para desobedecer; para escapar ao mundo dos padrões; orbitar outros espaços, livres de cursos, horas, datas... tudo nos assombra, nos azucrina, nos escandaliza. Desde os loucos “pelados, pelados com as mãos nos bolsos” aos atiradores de pedra, benzedores, manhosos de velório, “farejadores” de folia, andarilhos de estradas solitárias, pedidores das janelas, cantadores das madrugadas e horas mortas. Ainda aqueles que ganharam a liberdade pelos esbranquiçados campos da Caatinga, levando os Santos em suas caixas (e qualquer um podia ser santo); outros que requisitavam a liberdade apenas pra si e os que retinham a coragem da verdade (daí escutá-los, pois falavam o que não conseguíamos); outros que traziam seus vulgos mais ou menos amados e carregavam o cajado transversal nos ombros; ainda aqueles cantadores de Reis, tomadores de café (nunca quente demais), esfomeados acolá da farinha, trocadores de bugigangas... São outros tantos que não conhecemos, vimos mas não descobrimos o ser que ali habitava. Todos eles, indistintamente, talvez nos tenham incomodado por nascerem (ou se fazerem) livres, verdadeiros, felizes, sem máscaras; caçoados por sermos normais demais para tanta liberdade e porque possuíam em exagero a criança que perdemos com a malícia das atribuições da vida adulta; negados porque, depois de tudo, ainda sentíamos cobiça do “pouco” que eles tinham. A todos os loucos, vida eternal!
Sertano

Foto: (Parte de Alegoria do Triunfo de Vênus, de Agnolo Bronzino.)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Angelo_Bronzino_003.jpg

O Exercício da Filosofia


O FILÓSOFO E A JUVENTUDE

Muitas são as idéias construídas em torno da figura do filósofo. Figura mal compreendida no decorrer da historia. Constroem imagens, algumas corretas, outras equivocadas e preconceituosas.
A primeira idéia é que o filósofo é um homem velho que tem bastante maturidade e sabedoria. A maturidade e sabedoria não dependem essencialmente da idade, pois, se fosse assim, não teríamos tantos velhos tolos, avarentos, aduladores e insensatos como em nossos dias. Só trilharam o caminho da sabedoria aqueles que levam a vida a sério e não são seduzidos pela marcha e turbulência duma falsa modernidade. Só é moderno quem sabe, e o saber foi dado a poucos.
Nosso tempo está entregue nas mãos de rapina, de hiena, dos lobos e de toda sorte de petrificação e mentira. Raro são aqueles que não estão envolvidos direto ou indiretamente com a podridão que corrompe as mentes. No nosso tempo a juventude é uma mercadoria de alta qualidade, qualquer idéia que coloque em cheque os ovos de ouro do sistema econômico, no nosso caso a juventude, tida como retrógada e pedante.  A maneira de pensar, de vestir, comprar, o sabor da comida, a música que se deve ouvir, a religião a professar, tudo que engloba o mundo material, simbólico e cultural dos sujeitos está sob controle desse sistema perverso e cruel.
Nessa lógica, velhos, jovens e crianças são envolvidos como numa telha de aranha, formando uma só massa de consumidores, controlados sem direito e escolha por uma ideologia sustentada pelos meios de comunicação de massa que  trabalham dia e noite, poluindo as mente s escravizando as consciências, com uma falsa liberdade de escolha. Lógico que essa escolha tem que está sob a égide do consumo, esse tirano do século XXI.
      O exercício do filosofar não depende da idade nem tão pouco de condições materiais, mas exclusivamente da necessidade de pensar a vida, a existência e, sobretudo, estar inconformado com a maneira de viver sob os grilhões de um sistema perverso, que nos rouba a liberdade de escolher e trilhar nosso próprio caminho. Sejamos sujeitos livres e não meros consumidores. Viva o pensar, pois a vida é breve.

Prof. Gilson Rodrigues
Filósofo?Sociólogo

Pedofilia




Pedofilia

A pedofilia é uma das oito parfilias, das quais é a única considerada ilegal quando consumada. Esta consiste na atração sexual por indivíduos que ainda se encontram no estagio pré-pubere, ou seja, não tem o corpo ou os genitais completamente desenvolvidos.
A pedofilia não consiste apenas na cópula. Considera-se ato abusivo toda ação onde a criança é tida como objeto de erogenização, por um adulto ou uma criança mais velha, a citar: o tato erótico e/ou forçar a criança a presenciar cenas de sexo.
Alguns estudiosos estimam que um quarto dos pedófilos foram molestados quando eram crianças e que 70% dos casos de abusos são cometidos por parentes próximos como tios, irmãos, pais, etc. O abuso sexual na infância gera danos irreparáveis à personalidade das vítimas que não receberem acompanhamento profissional adequado. Mesmo na vida adulta são incapazes de superar, estes danos podem ser:
* Depressão; tentativa de cometer suicídio; alienação; sintomas de transtorno do estresse pós-traumático; comportamentos não saudáveis em relação à comida: jejum, vômito, abuso de remédios para emagrecer, comer demais; relacionamentos tensos com a família, amigos e companheiros; contato menos freqüente com amigos e parentes; menor probabilidade de casar. 
Segundo alguns autores, tais atos podem, “podemos falar em constrangimento ilegal (art. 146 do CP), ameaça (art. 147 do CP), seqüestro e cárcere privado (art. 148 do CP), lesões corporais (art. 129 do CP) etc. Quanto aos abusos sexuais, utilizamos os dispositivos referentes aos crimes contra os costumes, como estupro e atentado violento ao pudor (art. 213 e ss. do CP). Dependendo da idade da vítima, a qual, em regra, é menor de 14 anos, pode restar configurada a presunção de violência (art. 224 do CP), o que torna a sanção mais severa. Em caráter especial, no combate à veiculação da pornografia infantil, contamos com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90), restando, ainda, as leis referentes ao Crime Organizado (Lei n. 9.034/90) e à Lavagem de Dinheiro (Lei n. 9.613/98), que podem ser utilizadas diante de organizações criminosas. Nem mesmo esse emaranhado de normas, porém, dá conta do problema. Por não serem tipos penais específicos aos casos, os autores dos fatos muitas vezes conseguem se furtar das acusações.”
Adaptação: Erich Gerhardt
Créditos:
Adaptação Texto: http://www.escritorioonline.com/webnews/noticia.php?id_noticia=7371&
Foto: http://padom.com.br/wp-content/uploads/2011/04/pedofilia.jpg

Música é...


Música é...

Música é uma das formas artísticas mais agradáveis e, talvez, a mais influente. Este movimente artístico sempre esteve presente na maioria das culturas que circundam o mundo. Associamos facilmente um estilo musical a um povo, uma época, a um grupo ou ocasião. São diversas as maneiras pelas quais ela se faz presente em nossas vidas: podemos percebê-la em comemorações, despedidas, rituais religiosos, etc.
Alguns artistas conseguiram se imortalizar através dela, cantando suas inquietações e ânsias, tais composições que perduram até o presente dia. Sejam elas sinfonias seculares  ou clássicos do rock, marcaram e continuam a encantar gerações.
No entanto, tais obras tornam-se cada vez mais raras. Parece haver certa homogeneização. Dentre os “grandes” nomes da música, a maior parte deles cantam um mesmo ritmo com estilos semelhantes. Nas entrelinhas, subentende-se que existe um idioma oficial para cantar e é preciso adequar-se a ele. Usando tal idioma, e com a nacionalidade certa, vários artistas (não tão talentosos) conseguiram êxito. Nomes que sequer lembraremos no próximo verão.

Créditos foto: http://mcvdf.wordpress.com/2010/05/05/fabula-do-violinista-reflexao/